Ouve irmã o som dos batuques?
Ouve como os agogôs definidos em seu alto grau,
De belicosidade
Disforme dos violinos
Da corte lusa?
Ouve amada, ouve como os atabaques tocam!
Em consonante gingado
De pretos que conquistam...
Tocam sem atabaques,
Tocam sem agogôs
Mas entoam a ancestralidade
Nos seus gritos
Nos seus gemidos
Na sua batalha diária!
Entoam as mais belas histórias de resistência
Contam-nos com lágrimas em seus rostos
Da dor de ter que deixar, a cada dia,
Nas páginas policiais um irmão
Ser estatística. Lá está “mais um preto jogado no chão”.
E onde ele estava?
Fadados a um destino funesto!
Sobrevivem a cada ação repressora,
A cada movimento opressor.
Com as palavras que são sufocadas
Pelo enforcamento.
Pelo olhar de nojo, da tal no canto.
“isso já ta virando palhaçada”, ouço em cada corredor,
Em cada viela que se fala da resistência.
Quando entramos num espaço
Os olhares nos notam.
“Nego é sempre vilão...”.
O que você quer aqui?
Cadê a identificação?
Esse não é o seu lugar.
Felizmente estamos aqui a muito,
E não pretendemos sair,
Somos fortes
E resistimos.
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