Ouve irmã o som dos batuques? Ouve como os agogôs definidos em seu alto grau, De belicosidade Disforme dos violinos Da corte lusa? Ouve amada, ouve como os atabaques tocam! Em consonante gingado De pretos que conquistam... Tocam sem atabaques, Tocam sem agogôs Mas entoam a ancestralidade Nos seus gritos Nos seus gemidos Na sua batalha diária! Entoam as mais belas histórias de resistência Contam-nos com lágrimas em seus rostos Da dor de ter que deixar, a cada dia, Nas páginas policiais um irmão Ser estatística. Lá está “mais um preto jogado no chão”. E onde ele estava? Fadados a um destino funesto! Sobrevivem a cada ação repressora, A cada movimento opressor. Com as palavras que são sufocadas Pelo enforcamento. Pelo olhar de nojo, da tal no canto. “isso já ta virando palhaçada”, ouço em cada corredor, Em cada viela que se fala da resistência. Quando entramos num espaço Os olhares nos notam. “Nego é sempre vilão...”. O que você quer aqui? Cadê a identificação? Esse não é o seu lugar
É melhor atirar-se à luta em busca de dias melhores, mesmo correndo o risco de perder tudo, do que permanecer estático, como os pobres de espírito, que não lutam, mas também não vencem, que não conhecem a dor da derrota, nem a glória de ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito, ao final de sua jornada na Terra não agradecem a Deus por terem vivido, mas desculpam-se perante Ele, por terem apenas passado pela vida. (Bob Marley)